A apenas 1 ano dos Jogos Olímpicos de 2016, o palco onde atletas do mundo inteiro disputarão várias provas de iatismo está repleto de lixo flutuante. Na baía de Guanabara, os números impressionam: São despejados 48 milhões de litros de esgoto industrial por dia, sem falar no principal agente poluidor da baía, o esgoto doméstico. Uma ameaça para as espécies marinhas e um constrangimento para as equipes de vela que treinam todos os dias no local. Faltando exatamente 368 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, a Baía de Guanabara foi um dos principais assuntos desta semana. Em processo de despoluição, vem preocupando as autoridades e diligentes do Comitê Organizador. A promessa do Governo do Estado de tratar 80% do esgoto jogado da Baía não deve ser cumprida a tempo.
A Baía de Guanabara, segunda maior do país, ocupa uma área superior a 380 km2 e contém 35 rios tributários e 53 praias, sendo cartão-postal do Rio de Janeiro. Engloba toda a região metropolitana do estado e, em seu entorno, estão 15 municípios. No lado oeste estão Rio de Janeiro, Nilópolis, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Mesquita, São João de Meriti e Duque de Caxias. Na porção leste estão Niterói, Magé, Guapimirim, Cachoeira de Macacu, Itaboraí, Tanguá, São Gonçalo e Rio Bonito.
Esses municípios têm parte do seu esgoto coletado e enviado para cinco estações de tratamento, porém grande parcela dos dejetos ainda corre por ligações clandestinas e polui os rios que deságuam na baía. Esses cursos d’água atravessam as áreas mais densamente povoadas do estado (aproximadamente 9 milhões de habitantes, de acordo com o censo 2010 do IBGE). Devido ao crescimento urbano em assentamentos informais e precários que começaram a se multiplicar a partir das décadas de 50 e 60, existem verdadeiras canalizações de esgoto a céu aberto na região metropolitana. Como se não bastasse, ainda ocorrem despejos industriais irregulares e o lixo.
Uma estimativa é que 18 mil litros de esgoto sem tratamento sejam despejados por segundo na baía. No relatório do BID de 1993 falava-se em 554 toneladas de matéria orgânica despejadas por dia, das quais somente 15% recebiam algum tipo de tratamento. Segundo Marilene Ramos, presidente do INEA, atualmente estima-se que 350 toneladas/dia de esgoto sejam despejados e 70% ainda não é tratado. A Cedae, companhia de águas do estado, explica que de 2007 para cá aumentou a capacidade de tratamento de 2 mil para 5 mil litros por segundo e tem projeção de chegar a 16 mil até a Olimpíada. O problema é que antes de de investir mais em construir estações de tratamento, os dados apontam para necessidade de se resolver a questão da coleta.
Em 1993, por consequência da Rio-92 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) injetou no governo do Estado do Rio de Janeiro 793 milhões de dólares para iniciar um programa de despoluição da baía da Guanabara. Vinte anos se passaram e outro investimento do BID foi liberado, mais 640 milhões de dólares destinados à mesma missão.
Todas as 53 praias da baía têm qualidade de água classificada como imprópria para banho, devido à quantidade de coliformes fecais encontrados nas amostras. Na costa oeste, tem-se os piores resultados, com mais de 50% das amostras na categoria péssimo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário